terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Jane's Addiction - Nothing´s Shocking (1988)

Coloquei este vinil para tocar depois de muito tempo. Ouvindo as músicas novamente (todas ainda guardadas claramente na minha cabeça) e degustando a capa e o encarte como nos velhos tempos, percebi como esse disco foi importante na época, um verdadeiro divisor de águas.

O ano era 1988 e para mim (e mais um monte de gente da época) só existia, basicamente, dois tipos de bandas para escutar: de Metal e de Punk. Tudo muito fácil de ser reconhecido e rotulado. Metal tinha os caras cabeludos e os solos de guitarra. Punk eram os caras de cabelo curto.

De repente, em uma revista de Metal, tinha um anúncio com os lançamentos da Warner. Entre outros discos de Metal estava Jane´s Addiction (Nothing Shocking) e Hüsker Dü (Warehouse). Na outra semana, passando pelas Lojas Americanas do Shopping comprei o Jane´s Addiction.

Aproveitando vou abrir um parênteses neste post para comentar que sou muito saudosista do tempo que comprava discos de vinil nos grandes magazines (Mesbla, Mappin, Sandiz, Americanas e na loja do Eldorado, supermercado que pegou fogo na Avenida Senador Saraiva, aqui em Campinas). Era um prazer imenso garimpar e sair com um vinil destas lojas. O do Hüsker Dü comprei no Mappin.

Mas voltando àquele dia, coloquei o disco na vitrola e o som era meio estranho, as fotos do disco muito mais. Roupas indianas, visual andrógino, maquiagem. Cabelos compridos e cabeça raspada. Aquilo não se encaixava em nenhum rótulo até então. Tinha um pouco de Led Zeppelin, era pesado, mas era funk e swingado também. Muitos solos do Dave Navarro.

Aquele disco não teve espaço definido na minha estante por um bom tempo. Nem falava para os meus amigos "do Metal" que tinha aquele disco.

Lógico que eu escutava outras bandas e discos que fugiam da dupla Metal e Punk mas eram discos de Rock, na forma mais tradicional e clássica da palavra. Mas foi Nothing Shocking (e também o Warehouse do Hüsker Dü) que abriu as portas para o que viria a se chamar de Indie ou Alternativo. O som que eu me enfiei nos anos 90.

O disco começa com a viajante "Up the Beach" e segue com a pesada e Zeppeliniana "Ocean Size". "Had a Dad" aumenta o ritmo do disco, pesada e dançante. "Ted Just Admite" começa bem viajante até o ápice com Perry Farrel gritando "Sex is violence" sem parar. A super dançante "Standing in the Shower" e sua letra engraçada é uma das melhores do disco e fecha o lado A.

Abrindo o lado B mais uma viagem com "Summertime Rolls". "Mountain Song" é a melhor do disco, mesmo com seu riff familiar (você ouve o mesmo riff na música de 84 "Run Rabbit Run" dos finlandeses do Smack, só como curiosidade). A metaleira com a participação de Flea está em mais uma dançante, "Idiots Rules". "Jane Says" é simples e fantástica, outro ponto alto do disco. Quando vi o show deles em 91 em Londres era ela que fechava o show com muita percussão. O disco termina com a brincadeira de "Thank You Boys". Na versão em cd ainda tem a música "Pigs in Zen" que estava no primeiro disco da banda o ao vivo "Jane´s Addiction".

A banda explodiu com o disco seguinte "Ritual de Lo Habitual". E como toda banda de sucesso meteórico a coisa desandou. A banda acabou na sequência. Mas isso é outra história. Muita coisa se passou Lollapalloosa, Chilli Peppers, programas de tv, Porno for Pyros até a banda se reunir novamente.

Você ouve Mountain Song do Jane´s Addiction aqui. (link)



Você escuta Run Rabbit Run do Smack aqui. (link)



E você pode baixar o Nothing´s Shocking aqui.

Um comentário:

  1. Conseguiu guardar essa mariquice em segredo por anos, né? Bom de ler blog de amigos são essas revelações que se fossem feitas na época valeriam umas boas porradas.
    Abração

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